Morreu António Ramos Rosa

Morreu ontem o poeta, ensaísta e tradutor António Ramos Rosa, um dos nomes cimeiros da literatura portuguesa contemporânea, autor de quase uma centena de títulos. Natural de Faro, onde nasceu em 17 de outubro de 1924, recebeu o Prémio Pessoa em 1988 e ainda quase todos os mais relevantes prémios literários portugueses e vários prémios internacionais.
O poeta estava hospitalizado desde quinta-feira e, segundo a filha, ainda teve forças para escrever uma última vez o verso que se tornou talvez o mais emblemático da sua obra "Estou vivo e escrevo sol", ao ouvi-la sussurá-lo ao ouvido.



Não posso adiar o amor
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"

Para a leitura de mais poemas consultar este blogueaqui.

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