Desafio de Escrita Criativa | Textos vencedores


       2.º Ciclo   

      A ANGÚSTIA DO LOBO MAU/BOM                    

          Sabem, fazem do «Lobo Mau» uma piada de mau gosto. Quando eu faço uma má figura, é logo motivo para os humanos começarem a gozar comigo. Se calhar não sabem, mas eu também tenho sentimentos, sentimentos profundos. Não sou aquele tipo de animal que fica indiferente a provocações ou comentários. Às vezes, apetece-me chorar, gritar, afinal a Capuchinho Vermelho também não foi simpática ao estragar-me a vida por completo.

Até no meu nome, «Lobo Mau», se vê que muito do que dizem sobre mim é mentira. Não sou Mau, aliás, transpiro simpatia, apenas tento conseguir alimento, eu, que até sou um defensor da paz, tenho de matar para sobreviver. Por exemplo, na história dos três porquinhos, vocês ficariam indignados se eu tivesse comido três irmãos indefesos e completamente inocentes, mas, quem sabe, talvez tu já tenhas comido um dos porquinhos, quando cozinhas uma bela barriga de porco crocante com espuma de alho negro.

Já alguma vez pensaram como é frustrante ter sempre alguém a olhar para ti com um ar reprovador? Usam a minha personagem como exemplo do que não devem fazer, mas vocês também precisam de se alimentar.

Eu estou a trabalhar para melhorar, mas para os humanos é mais fácil, têm essas máquinas todas, enquanto nós não temos nada! Sempre pensamos um bocadinho antes de fazer alguma coisa, enquanto vocês carregam num botão e pronto, têm o jantar feito. Qualquer dia, as máquinas controlam o vosso dia a dia. 

Enfim… realmente, este mundo pode ser cruel para algumas pessoas como eu, mas temos de nos aguentar, e, até me aceitarem na sociedade, terei ainda de comer vários porquinhos, cabritinhos e até humanos, gosto especialmente de «Pedros», não sei porquê…

Um dia vão perceber que «Lobo Mau» pode ser um grande amigo.


                                                                                                                           
Pedro Fonseca, 6.ºC, nº 21

3.º Ciclo 

Olá! O meu nome é Dona Lentidão e vou contar uma história que me aconteceu. Eu vivia num bosque onde também vivia uma lebre chamada Rosita. Ela era muito vaidosa e achava-se a mais rápida, a mais esperta e a mais bonita. Era a lebre mais convencida que já conheci!

Numa tarde de verão, ela desafiou-me para uma corrida (uma lebre contra uma tartaruga, onde já se viu?), mas decidi aceitar. Todos os animais do bosque se riram, mas eu tinha os meus truques…

Entretanto, chegou o dia da corrida e estava eu e a lebre, lado a lado, na linha de partida. Ela estava ainda mais confiante do que o habitual, mas eu não estava receosa. A raposa deu o sinal da partida e eu comecei logo a andar. Passado um pouco, a lebre parou, encostou-se debaixo de uma árvore e decidiu fazer uma “pequena” sesta, pois achava que facilmente venceria aquela corrida. No entanto, eu nunca parei e quando já estava quase a chegar à meta, a lebre acordou de um salto, mas já não conseguiu ser a primeira a chegar à meta.

Todos os animais do bosque me deram os parabéns enquanto a lebre voltava, envergonhada, para a sua toca.

Eu não sabia previamente que a lebre iria adormecer nem que eu iria ganhar, mas algo que eu sempre tive presente em mim foi que devagar se vai ao longe e quem nunca desiste sempre alcança.

Esta foi a minha história, quando eu, uma tartaruga, ganhei uma corrida contra uma lebre e provei a todos e, principalmente, a mim mesma, que sou capaz de fazer tudo aquilo que eu quiser, porque todos somos capazes de alcançarmos os nossos objetivos, basta acreditar que sim e lutar por eles.

                                                                                Margarida Maria Gomes Coelho, 9.ºB, n.º14

  Secundário

          Talvez, um Felizes Para Sempre...


Era Uma Vez...

            Uma Princesa.

            Não, não uma princesa, mas sim uma guerreira. Porque até guerreiras merecem o seu sono de beleza. Eu posso ser uma bela guerreira, porém não há nada de delicado em mim.

            Faltando esta delicadeza, obviamente alguns acidentes ou mal entendidos podem ocorrer. E foi com um pequeno acidente que o meu “adorável” conto de fadas começou.

            Talvez, só talvez, eu tenha enraivecido a minha madrasta má (sinceramente, todas as madrastas de contos de fadas têm que ser pessoas horríveis, é lei) e como solução, ela decidiu trancar-me numa torre alta, sem saída, com apenas uma janela minúscula para arejar o ar.

            Que figura materna incrível! ...

            Enfim, eu fui sujeita a uma grande injustiça, e nenhum plano de escape realmente funcionou. As minhas ideias mais loucas não deram frutos. Imaginem, crescer o cabelo até alcançar o chão? Louco, não é?

            Eu, uma guerreira destemida e cheia de graça (apenas em meus sonhos), não tinha uma solução. Eu estava condenada a ficar trancada numa torre com apenas ratos como companhia.

            Foi quando Ele chegou.

            Pomposo, em cima de um cavalo branco, cabelo penteado, capa azul brilhante e uma espada na cintura. O príncipe chegou ao pé da torre e gritou-me:

            — Rapunzel! Lance os seus cabelos!

            Imediatamente, uma careta formou-se no meu rosto.

            — Rapunzel? Que cabelos?! Acha mesmo que o meu cabelo chega até aí abaixo?! E o meu nome não é Rapunzel!

            — Mas... disseram-me que havia uma bela princesa presa numa torre, com grandes cabelos e...

            Eu interrompi-o:

            Já ouviu falar de Fake News?! E eu tenho cara de princesa, por acaso? Mas já que o senhor está aqui, pode servir para algo e tirar-me desta torre.

            O dito cujo realmente livrou-me da torre. E talvez, só talvez, eu ganhei o meu “felizes para sempre”.

                                                                                                  Gabriella Saboia, 12°G, n.°10 (ex aequo)



                                                                  “Era uma vez...”

 

O meu nome é Peter. Na verdade, as pessoas conhecem-me por Peter Pan. Sou um menino perdido. Decidi perder-me, porque não quis crescer. Perdi-me, mas encontrei-me na Terra do Nunca, a minha casa e a de todos os meninos perdidos. Descobri o pó de fada, só tive que acreditar e ele fez-me voar. Porque o mundo é feito de fé, de confiança e de pó de fada.

            Agora, voo e procuro a minha sombra. Vou buscar as crianças que não querem crescer, ensino-as a voar, e partimos rumo à segunda estrela à direita, sempre em frente, até ao amanhecer e chegarmos a casa, à Terra do Nunca. Longe de toda a realidade, das obrigações, dos inevitáveis. Brincamos nas florestas, sempre a tentar escapar do Capitão Gancho. Nunca iremos crescer. Nunca direi adeus, porque dizer adeus significa ir embora e ir embora significa esquecer. Então fico aqui, onde nada é planeado e onde nascem todos os sonhos.

           Não podem conhecer a minha história se duvidarem dela. No momento em que duvidarem já perderam para sempre a oportunidade de acreditar. Têm que conhecer aquele lugar entre o sono e o acordar, o lugar onde os sonhos ainda são lembrados. É onde eu estou e onde eu estarei sempre.

           Quem me dera poder contar-vos toda a minha história. No final, saberão que não se pode lutar contra o destino, mas é muito melhor quando o faz de conta se torna a realidade. Porque as pessoas que conhecem a minha história acabam por dizer que eu estava certo, crescer é uma perda de tempo.

                                                                                                                       Mafalda Moita, 12.ºF (ex aequo)

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