Desafio de Escrita Criativa | Textos vencedores
Até no meu nome, «Lobo Mau», se vê que muito do que dizem sobre mim é
mentira. Não sou Mau, aliás, transpiro simpatia, apenas tento conseguir
alimento, eu, que até sou um defensor da paz, tenho de matar para sobreviver. Por
exemplo, na história dos três porquinhos, vocês ficariam indignados se eu
tivesse comido três irmãos indefesos e completamente inocentes, mas, quem sabe,
talvez tu já tenhas comido um dos porquinhos, quando cozinhas uma bela barriga
de porco crocante com espuma de alho negro.
Já alguma vez pensaram como é frustrante ter sempre alguém a olhar para ti
com um ar reprovador? Usam a minha personagem como exemplo do que não devem
fazer, mas vocês também precisam de se alimentar.
Eu estou a trabalhar para melhorar, mas para os humanos é mais fácil, têm
essas máquinas todas, enquanto nós não temos nada! Sempre pensamos um bocadinho
antes de fazer alguma coisa, enquanto vocês carregam num botão e pronto, têm o
jantar feito. Qualquer dia, as máquinas controlam o vosso dia a dia.
Enfim… realmente, este mundo pode ser cruel para algumas pessoas como eu,
mas temos de nos aguentar, e, até me aceitarem na sociedade, terei ainda de
comer vários porquinhos, cabritinhos e até humanos, gosto especialmente de
«Pedros», não sei porquê…
Um dia vão perceber que «Lobo Mau» pode ser um grande amigo.
3.º Ciclo
Olá! O meu nome é Dona Lentidão e
vou contar uma história que me aconteceu. Eu vivia num bosque onde também vivia
uma lebre chamada Rosita. Ela era muito vaidosa e achava-se a mais rápida, a
mais esperta e a mais bonita. Era a lebre mais convencida que já conheci!
Numa tarde de verão, ela
desafiou-me para uma corrida (uma lebre contra uma tartaruga, onde já se viu?),
mas decidi aceitar. Todos os animais do bosque se riram, mas eu tinha os meus
truques…
Entretanto, chegou o dia da
corrida e estava eu e a lebre, lado a lado, na linha de partida. Ela estava
ainda mais confiante do que o habitual, mas eu não estava receosa. A raposa deu
o sinal da partida e eu comecei logo a andar. Passado um pouco, a lebre parou,
encostou-se debaixo de uma árvore e decidiu fazer uma “pequena” sesta, pois
achava que facilmente venceria aquela corrida. No entanto, eu nunca parei e
quando já estava quase a chegar à meta, a lebre acordou de um salto, mas já não
conseguiu ser a primeira a chegar à meta.
Todos os animais do bosque me
deram os parabéns enquanto a lebre voltava, envergonhada, para a sua toca.
Eu não sabia previamente que a
lebre iria adormecer nem que eu iria ganhar, mas algo que eu sempre tive
presente em mim foi que devagar se vai ao longe e quem nunca desiste sempre
alcança.
Esta foi a minha história, quando
eu, uma tartaruga, ganhei uma corrida contra uma lebre e provei a todos e,
principalmente, a mim mesma, que sou capaz de fazer tudo aquilo que eu quiser,
porque todos somos capazes de alcançarmos os nossos objetivos, basta acreditar
que sim e lutar por eles.
Secundário
Talvez, um Felizes Para Sempre...
Era Uma Vez...
Uma
Princesa.
Não,
não uma princesa, mas sim uma
guerreira. Porque até guerreiras merecem o seu sono de beleza. Eu posso ser uma
bela guerreira, porém não há nada de delicado em mim.
Faltando esta
delicadeza, obviamente alguns acidentes ou mal entendidos podem ocorrer. E foi
com um pequeno acidente que o meu “adorável” conto de fadas começou.
Talvez, só talvez, eu
tenha enraivecido a minha madrasta má (sinceramente, todas as madrastas de
contos de fadas têm que ser pessoas horríveis, é lei) e como solução, ela
decidiu trancar-me numa torre alta, sem saída, com apenas uma janela minúscula
para arejar o ar.
Que figura materna
incrível! ...
Enfim,
eu fui sujeita a uma grande injustiça, e nenhum plano de escape realmente
funcionou. As minhas ideias mais loucas não deram frutos. Imaginem, crescer o
cabelo até alcançar o chão? Louco, não é?
Eu, uma guerreira
destemida e cheia de graça (apenas em meus sonhos), não tinha uma solução. Eu estava
condenada a ficar trancada numa torre com apenas ratos como companhia.
Foi quando Ele chegou.
Pomposo, em cima de um
cavalo branco, cabelo penteado, capa azul brilhante e uma espada na cintura. O
príncipe chegou ao pé da torre e gritou-me:
— Rapunzel! Lance os seus cabelos!
Imediatamente, uma careta formou-se
no meu rosto.
— Rapunzel? Que cabelos?! Acha mesmo
que o meu cabelo chega até aí abaixo?! E o meu nome não é Rapunzel!
— Mas... disseram-me que havia uma
bela princesa presa numa torre, com grandes cabelos e...
Eu interrompi-o:
— Já ouviu falar de Fake News?!
E eu tenho cara de princesa, por acaso? Mas já que o senhor está aqui, pode
servir para algo e tirar-me desta torre.
O dito cujo realmente
livrou-me da torre. E talvez, só talvez, eu ganhei o meu “felizes para sempre”.
Gabriella Saboia, 12°G, n.°10 (ex aequo)
“Era uma vez...”
O meu nome é Peter. Na verdade, as pessoas conhecem-me por Peter Pan. Sou
um menino perdido. Decidi perder-me, porque não quis crescer. Perdi-me, mas
encontrei-me na Terra do Nunca, a minha casa e a de todos os meninos perdidos. Descobri
o pó de fada, só tive que acreditar e ele fez-me voar. Porque o mundo é feito
de fé, de confiança e de pó de fada.
Agora, voo e procuro a minha
sombra. Vou buscar as crianças que não querem crescer, ensino-as a voar, e
partimos rumo à segunda estrela à direita, sempre em frente, até ao amanhecer e
chegarmos a casa, à Terra do Nunca. Longe de toda a realidade, das obrigações,
dos inevitáveis. Brincamos nas florestas, sempre a tentar escapar do Capitão
Gancho. Nunca iremos crescer. Nunca direi adeus, porque dizer adeus significa
ir embora e ir embora significa esquecer. Então fico aqui, onde nada é planeado
e onde nascem todos os sonhos.
Não podem conhecer a minha história
se duvidarem dela. No momento em que duvidarem já perderam para sempre a oportunidade
de acreditar. Têm que conhecer aquele lugar entre o sono e o acordar, o lugar
onde os sonhos ainda são lembrados. É onde eu estou e onde eu estarei sempre.
Quem me dera poder contar-vos toda a
minha história. No final, saberão que não se pode lutar contra o destino, mas é
muito melhor quando o faz de conta se torna a realidade. Porque as pessoas que
conhecem a minha história acabam por dizer que eu estava certo, crescer é uma
perda de tempo.
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