Dia de São Valentim | 14 de fevereiro
"Carta
de Amor
Nunca escrevi uma carta de amor. Talvez porque nunca tive a necessidade, ou mesmo pela falta de atividade romântica na minha vida. A verdade é que, por longos anos, não quis passar para o papel os meus íntimos sentimentos. Pretendia guardá-los. Guardá-los para ninguém conseguir ver as minhas angústias, os meus medos e receios. Tudo o que escondia do mundo. Até ao dia em que tu apareceste.
Era novata. Não
conhecia ninguém. Todos conversavam alegremente e eu, num canto da enorme
divisão, observava minuciosamente. Tu chegaste, e contigo o que veio a parecer
um holofote. Toda a atenção convergiu em ti. Foi surpreendente como te rodearam, todas as
pessoas ansiosas para ouvir a piada do dia. Lembro-me do quão empolgada fiquei,
nervosa até, só de pensar na amizade que poderia criar ali. Timidez minha
inimiga. Alcançou-me antes de te poder abordar. Longos meses passaram até
finalmente soltar as presas palavras.
Com o passar do
tempo, fui criando uma maior proximidade com o mundo à minha volta. Todos
gostavam de mim. Por alguma razão, eras o único de quem nem me conseguia
aproximar. Não por falta de vontade. Apenas pela coragem que não herdei. Questionava-me
se te conseguiria agradar ou se, à partida, verias todos os meus defeitos.
Foi num
invernoso dia que a habitual neblina se misturou com o meu ser. Sentia-me mal,
incompleta. A pressão sobre mim era muita. Simplesmente não fui capaz de
suportar todo aquele ambiente. A respiração acelerada, o pânico por não
conseguir interromper aquele ciclo destrutivo. Estava devastada. Mas foste tu. Apenas
tu me conseguiste acalmar. Recordei a tranquilidade que em pequena sentia no colo
dos meus pais.
A partir
daquele dia tornámo-nos inseparáveis. O carinho, a animação e a diversão
passaram a ser vulgares na minha rotina. Já nem me recordo de como era a minha
vida sem ti!
Pensei que
talvez devesse agradecer-te cara a cara, olhos no olhos. Fazer uma espécie de
discurso, para o qual não tenho jeito nenhum. Mas metade dos sentimentos
ficariam no caminho. E eu quero expor tudo. Ao redigir esta carta, cheguei à
conclusão de que nem todas as palavras, teclas de um computador, canetas e
cadernos, seriam suficientes para te mostrar o quanto me sinto feliz. Tão
feliz. Aquela felicidade em que uma pessoa sorri tanto ao ponto de ficar com
rugas nos cantos da boca (apesar de só ter 17 anos fresquinhos!!). Sinto-me
sempre assim quando estou contigo.
Se foi destino,
se foi Deus ou outra energia superior que me pôs no teu caminho? A resposta a
esta questão não a tenho. Tenho apenas de estar grata por te ter como exemplo a
seguir, confortável e confiante por crescer ao teu lado, tu que me fazes aquilo
que sou. Tenho a certeza de que, assim como eu estarei sempre aqui para ti,
também tu estarás sempre presente.
Se pudesse,
então, criar novas palavras, era aqui, neste espacinho, que eu iria escrever
aquela que guardasse e te mostrasse todo o Amor. Mas como ainda não me é
possível, escreverei uma e mostrarei para o resto da vida a força do seu
significado:
Obrigada.
Para sempre
tua,
Nome aleatório :)"
E agora uma carta de amizade, que é também uma forma de amor!
"Querida M.G,
Se ao menos eu fosse uma escritora talentosa para poder pegar nas palavras e
fazer-te a carta mais bonita que alguma vez escrevi.... Se ao menos eu fosse
uma compositora iluminada para ouvir as notas e compor uma sinfonia que
mostrasse tudo o que sinto por ti, pela tua amizade.
Conhecemo-nos
desde que nascemos, parece tanto tempo e é tão pouco. A vida tem passado
demasiado depressa, apesar de me fazeres acreditar que ela está só a começar.
Do que vivemos juntas até aqui, se pudesse, vivia tudo outra vez. Afinal, tem
sido mais que um privilégio poder acompanhar-te, poder crescer ao teu lado,
partilhar conquistas, aprender com as derrotas, enfim, viver todos os dias com
a certeza que estás ao meu lado.
Lembro-me
das brincadeiras na primária, sempre a ver qual de nós se escondia melhor...
Lembro-me quando entrámos no segundo ciclo, escola nova, eras tu e eu contra o
mundo... Lembro-me do teu sorriso quando me vias nos teus concertos...
Lembro-me do teu olhar quando me ouvias a tocar piano....
E,
entretanto, tu tornaste-te a cientista e eu a humanista. Não tive medo, só
estava assustada pela coragem que isso me iria obrigar a ter. A falta que senti
de te ter na minha turma, a saudade que tive de te ver todos os dias... Mas lá
estavas tu a seguir o teu sonho e cá estava eu a seguir o meu. E a verdade, a
verdade é que me provaste que não há tempo, ou distância, ou contexto que afete
a nossa amizade. E sinceramente, eu não saberia como viver sem ela. Sem ti.
Sempre
pensei que crescer fosse uma perda de tempo..., mas não tem sido. Já passaram
dezassete anos e, destino ou não, os nossos caminhos encontraram-se sempre. E
irão encontrar-se sempre, porque parte do meu coração é teu. O orgulho que
tenho em ti faz um eco infindável. Estarei aqui quando te esqueceres disso.
Obrigada
por me teres deixado entrar na tua vida. Sei que nunca dirás adeus a isso,
porque dizer adeus é esquecer. Assim, só anseio por aquilo que a vida ainda tem
guardado para nós...
Até lá, fica.
Da que será sempre tua,
M.M."
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